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Artigos/A Equoterapia na estruturação da teoria da mente em pacientes autistas de alto funcionamento.

A Equoterapia na estruturação da teoria da mente em pacientes autistas de alto funcionamento.

O autismo se constitui em um grave transtorno neuropsiquiátrico, caracterizado do ponto de vista comportamental por grave deficiência na interação social, comunicação verbal e não verbal e por interesses restritos,

 

além de importantes déficits em diferentes esferas do funcionamento cognitivo. A manifestação desse problema varia com a idade e a capacidade, dando origem ao chamado espectro autístico. Ritvo (1976) foi um dos primeiros autores a considerar a síndrome autística como uma patologia do Sistema Nervoso Central assim como um dos primeiros a salientar a importância dos déficits cognitivos no autismo.

Porém a teoria cognitiva para o autismo foi proposta a partir das pesquisas de Frith e Baron-Cohen e Col. (1985). Essas pesquisas demonstraram que as crianças autistas, mesmo as classificadas como de alto funcionamento, são incapazes de atribuir estados intencionais aos outros. Esses autores preocuparam-se em definir o que eles consideram intencionais, sendo assim, intencionais são todos os estados mentais com conteúdo e não apenas o estado particular de ter uma intenção de agir, correspondendo a estados emocionais com conteúdo (Por exemplo: acreditar em algo, esperar algo, desejar algo). “ Teoria da Mente” é a expressão interessante, para descrever nossa habilidade em atribuir pensamentos e sentimentos com objetivo de predizer e explicar comportamentos. Um simples teste dessa habilidade aparentemente automática e inata, a qual tem sido referência também como “mentalização” envolve a atribuição de uma falsa crença, por exemplo, se Sally está fora da sala quando Ann move a bola de gude da caixa de Sally para sua própria cesta, aonde Sally pensa que está a bola quando ela retorna e deseja brincar? Crianças de quatro anos, com desenvolvimento normal podem prever que Sally procurará onde ela pensa que a bola está, e não onde realmente está. Baron-Cohen demonstraram que crianças com autismo, mesmo aquelas com idade mental bem acima dos quatro anos, não são aprovadas neste simples teste de atribuição de uma falsa crença. Oitenta por cento da amostra esperava que Sally procurasse no local em que realmente estava a bola. Este índice extraordinário não ocorreu simplesmente em função do baixo nível de QI dos participantes; crianças com Síndrome de Down tiveram um desempenho tão bom quanto as crianças normais, com quatro anos de idade. Esta descoberta, de uma dificuldade específica do autismo em atribuir estados mentais, tem sido apresentada em muitos estudos. A teoria de que pessoas com autismo são prejudicadas no processo de mentalização (“mente-cega”) pode explicar a distinção entre o que as pessoas com autismo podem e o que não podem fazer em situação de laboratório e no dia-a-dia. Compreender o outro, como agente intencional como a si próprio permite ao ser humano solucionar problemas, especialmente de forma criativa, flexível e previsível, e possibilita o poderoso papel de transformação no processo de aprendizagem social. Baron-Cohen ( 1991) ressaltaram que o autismo altera a meta-representação, ou seja, não os conceitos relativos ao mundo físico, mas as representações secundárias como as percepções e desejos, necessidades, sentimentos e emoções dos outros, necessários para o desenvolvimento dos padrões simbólicos, alterando a capacidade para a criatividade e originalidade comprometendo a adaptação pragmática ao mundo.

OBJETIVOS GERAIS:
Este trabalho visa apresentar o programa experimental de estruturação da leitura da mente criado por Simon Baron-Cohen e outros na Universidade de Cambridge e Universidade de Londres e atualmente aplicado na Equoterapia pelo Núcleo de Equoterapia Country Side em autistas de alto funcionamento com idade entre 4 e 13 anos desde maio de 2004. O programa tem por objetivo estimular a compreensão dos estados mentais como emoção, crença e pretensão através de tarefas apresentadas por figuras que seguem níveis hierárquicos de complexidade na compreensão desses estados mentais. A seguir segue a tabela utilizada como guia deste programa:

 EMOÇÃOCRENÇAPRETENSÃO
NÍVEL 1Fotografia Reconhecimento Facial(alegria, tristeza, medo, raiva)Tomada de Perspectiva SimplesJogos Sensório Motores
NÍVEL 2Esquema Reconhecimento Facial(alegria, tristeza, medo, raiva)Tomada de Perspectiva ComplexaJogos Funcionais
NÍVEL 3Situação baseada em emoção(alegria, tristeza, medo, raiva)Vendo e ConhencendoJogos Funcionais
NÍVEL 4Desejos baseados em emoção(alegria e tristeza)Verdadeira Crença Ação e PrediçãoJogos de Pretensão
NÍVEL 5Crença baseada em emoção(alegria e tristeza)Falsa CrençaJogos de Pretensão

 

METODOLOGIA:
Apresentar o programa a ser instituído à família.
A periodicidade do programa é de uma vez semanalmente durante 15 minutos.
Acordar com os familiares a aplicação do programa , seguindo as orientações, em domicilio.
Reavaliação do programa após seis meses de aplicação.

CONCLUSÃO:
O presente estudo objetiva preencher as lacunas das habilidades de comunicação e sociais, observadas na intervenção tradicional da equoterapia, ampliando a visão terapêutica, buscando a minimização desses prejuízos que de forma tão significativa tem interferido na relação dos pacientes autistas em nosso contexto social.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

  1. Baron-Cohen, S., Campbell, r., Karmiloff-Smith, A., Grant, J. And Walker, J. ( 1995). Are children with autism blind to the mentalistic significance of the eyes? British Journal of Developmental Phychology
  2. Swettenham, J.S., Gomez, J. C., Baron-Cohen, S. and Walsh, S. ( 1996). What´s inside a person´s head? Conceiving of the mind as a camera helps children with autism develop an alternative theory of mind. Cognitive Neuropsychiatry.
  3. Leslie, A.M. and Thaiss, l. ( 1992). Domain specificith in conceptual development: evidence from autim. Cognition, 43, 225-251
  4. Baron-Cohen, S.,(1995). Mindblindness. Cambridge, MA; MIT Press
  5. Charman, T. e Baron-Cohen, S. (1992). Understanding drawings and beliefs: A further test of the metarepresentation theory of autism. Journal of Child Psychology and Psychiatry, 33, 1105-1112.

 

Dra Mylena Medeiros- Fisioterapeuta

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